E quem pode
entender o coração do poeta? Essa fome de amor não correspondido. Esse sofrimento
bonito. Essa vontade de desenhar em palavras cada curva de quem ama. Essa
solidão movida a cafeína e noites de sono perdidas. Essa obstinação de colocar
em palavras o que não pode ser descrito. Nomear sentimentos, espasmos da mente.
Essa afeição pelos olhos. Essas sensações imutáveis que resistem ao tempo. Esse
ar de passado refeito, mal feito, desfeito. Essa saudade incurada. Esse apego
ao que sente, mesmo quando causa dor. Essa ciência dos males do amor. Essa
pressa de tirar o que tem dentro de si e colocar no papel. Esse jeito de
refugiar-se nas palavras. De procurar paz entre os muros de guerras. De desejar
de olhos fechados. De observar o passar dos dias e achar beleza nas coisas mais
banais. Essa contemplação do trivial. Essas palavras, sentimentos escritos.
Quem pode entender o coração do poeta? Esse eu lírico lacônico, dono de um amor
misterioso, que sente tanto que o teu pensamento vira poesia.
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