Essa não é uma história de amor, é uma história de pessoas. De uma garota que imaginava acreditar em mundos invisíveis, em reinos épicos, em jornadas perto do infinito, e que se contentava com uma realidade solitária. De um garoto, que não era muito diferente dos outros garotos, que queria saber sobre tudo, que vivia uma realidade e desejava outra. E cada um fugia da vida à sua maneira. E cada um se contentava com a vida à sua maneira. Seus caminhos se cruzaram, e não era pra ser especial, só mais um personagem dos muitos que entram e saem do cotidiano. Mas era bem mais que isso, o encontro gerou uma brisa, que virou uma corrente de ar, que gerou uma gélida ventania de ventos ferozes, que se transformou em um furioso furacão, que desencadeou o caos. Um caos imperceptível, que ecoou em suas mentes. Um segredo compartilhado em silêncio. Mas era algo desconhecido, duvidoso, que soprou um frio no estômago e abriu uma fenda, uma dependência. Tinha a necessidade de ser notados um pelo outro, de serem decifrados, lidos. Ele queria fazê-la escutar suas músicas favoritas, que sentisse o que ele sentia quando ouvia a poesia, a voz, o tom. Ela queria abrir-lhe os olhos, para além do horizonte físico, queria poder desenhar as sensações que ele lhe despertava. Confundiram com amor. Estragaram tudo quando perceberam que o furacão estava lá, construindo um abismo entre eles, os corpos funcionando como cargas atômicas que se repelem, e os corações se atraindo como ímãs, se atraindo, se desejando, se precisando. Será que seguiriam até o infinito do tempo e do espaço? Será que o frio nos estômago desapareceria com o calor do outro um dia? Como uma mente fomentando frente a palavras cruzadas vazias. Como Romeu esperando encontrar Julieta na eternidade. Como numa história de amor que não é sobre o amor.