quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Insônia


E derrepente era como se ela não estivesse lá. Como se aquela vida não te pertencesse. Mas pertencia, e era um pesadelo. Tudo estava no lugar e isso aumentava ainda mais sua agonia. A insônia consumia seus nervos. Uma tortura sufocante a cada segundo, a cada tentativa de entender. Mas não havia explicação. Não sentia nada, não havia expressão. Não conseguia aquietar a mente, mas tudo o que precisava era fugir de tudo aquilo. Mas não conseguia. Havia indignação, mágoa, sombras, tudo em ebulição, prestes a explodir. Sentia-se violada, dominada, derrotada. Queria gritar, mas não conseguia se quer dizer uma só palavra. No interior sentia um impulso de levantar-se, rasgar as cortinas, queimar os diários, vomitar, mas tudo o que conseguia era ficar deitada na cama, revirando de um lado para o outro. Queria as idéias no lugar, mas ao invés disso tinha uma guerra dentro da cabeça. Do coração. Da alma. E mesmo em ruínas conseguia manter aquela face serena, aquelas poses simples de moça descomplicada, tudo o que realmente não era. Estava em latência, estática. Havia agüentado tudo até o último segundo. Mas todos os seus limites forma ultrapassados, então entregou-se. Desfaleceu observando aquela vida, que ironicamente era sua, sendo comprimida por seu caos.

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