E derrepente era como se ela não estivesse lá. Como se aquela vida não
te pertencesse. Mas pertencia, e era um pesadelo. Tudo estava no lugar e isso
aumentava ainda mais sua agonia. A insônia consumia seus nervos. Uma tortura
sufocante a cada segundo, a cada tentativa de entender. Mas não havia
explicação. Não sentia nada, não havia expressão. Não conseguia aquietar a
mente, mas tudo o que precisava era fugir de tudo aquilo. Mas não conseguia.
Havia indignação, mágoa, sombras, tudo em ebulição, prestes a explodir.
Sentia-se violada, dominada, derrotada. Queria gritar, mas não conseguia se
quer dizer uma só palavra. No interior sentia um impulso de levantar-se, rasgar
as cortinas, queimar os diários, vomitar, mas tudo o que conseguia era ficar
deitada na cama, revirando de um lado para o outro. Queria as idéias no lugar,
mas ao invés disso tinha uma guerra dentro da cabeça. Do coração. Da alma. E
mesmo em ruínas conseguia manter aquela face serena, aquelas poses simples de
moça descomplicada, tudo o que realmente não era. Estava em latência, estática.
Havia agüentado tudo até o último segundo. Mas todos os seus limites forma
ultrapassados, então entregou-se. Desfaleceu observando aquela vida, que
ironicamente era sua, sendo comprimida por seu caos.
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